quarta-feira, outubro 27, 2004

De que Serve Discutir as Ideologias?

Para compreendermos o homem e as suas necessidades, para o conhecermos naquilo que ele tem de essencial, não precisamos de pôr em confronto as evidências das nossas verdades. Sim, têm razão. Têm todos razão. A lógica demonstra tudo. Tem razão aquele que rejeita que todas as desgraças do mundo recaiam sobre os corcundas. Se declararmos guerra aos corcundas, aprenderemos rapidamente a exaltar-nos. Vingaremos os crimes dos corcundas. E, sem dúvida, também os corcundas cometem crimes.A fim de tentarmos separar este essencial, é necessário esquecermos por um instante as divisões que, uma vez admitidas, implicam todo um Corão de verdades inabaláveis e o inerente fanatismo. Podemos classificar os homens em homens de direita e em homens de esquerda, em corcundas e não corcundas, em fascistas e em democratas, e estas distinções são incontestáveis.Mas sabem que a verdade é aquilo que simplifica o mundo, e não aquilo que cria o caos. A verdade é a linguagem que desencadeia o universal.
Newton não «descobriu» uma lei há muito disfarçada de solução de enigma, Newton efectuou uma operação criativa. Instituiu uma linguagem de homem capaz de exprimir simultaneamente a queda da maçã num prado ou a ascensão do sol. A verdade não é o que se demonstra, mas o que se simplifica.De que serve discutir as ideologias? Se todas se demonstram, também todas se opõem, e semelhantes discussões fazem duvidar da salvação do homem. Ainda que o homem, por todo o lado, à nossa volta, revele as mesmas necessidades.

Antoine de Saint-Exupéry, in 'Terra dos Homens'

sexta-feira, outubro 22, 2004



quinta-feira, outubro 21, 2004

O que perturba os homens não são as coisas, mas os juízos que os homens formulam sobre as coisas. A morte, por exemplo, nada é de temível - e Sócrates, quando dele a morte se foi aproximando, de maneira nenhuma se apresentou a morte como algo de tremendamente terrível. Mas no juízo que fazemos da morte, considerando-a temível, é que reside o aspecto terrível da morte. Quando somos hostilizados, contrariados, perturbados, atormentados e magoados, não devemos sacar as culpas a outrem, mas a nós próprios, isto é, aos nossos juízos pessoais e mais íntimos. Acusar os outros das suas infelicidades é mera acção de um ignorante; responsabilizar-se a si próprio por todas as contrariedades é coisa de um homem que começa a instruir-se; e não culpabilizar ninguém nem tão pouco a si próprio, então, sim, então é já feito de um homem perfeitamente instruído.

Epicteto, in 'Manual'

segunda-feira, outubro 18, 2004

Prudência

O homem prudente não diz tudo quanto pensa, mas pensa tudo quanto diz

Aristoteles

domingo, outubro 17, 2004

Cultura e Civilização

Uma mesa cheia de feijões.O gesto de os juntar num montão único. E o gesto de os separar, um por um, do dito montão.O primeiro gesto é bem mais simples e pede menos tempo que o segundo.Se em vez da mesa fosse um território, em lugar de feijões estariam pessoas. Juntar todas as pessoas num montão único é trabalho menos complicado do que o de personalizar cada uma delas.O primeiro gesto, o de reunir, aunar, tornar uno, todas as pessoas de um mesmo território é o processo da CIVILIZAÇÃO.O segundo gesto, o de personalizar cada ser que pertence a uma civilização é o processo da CULTURA.É mais difícil a passagem da civilização para a cultura do que a formação de civilização.A civilização é um fenómeno colectivo.A cultura é um fenómeno individual.Não há cultura sem civilização, nem civilização que perdure sem cultura.

Almada Negreiros, in "Ensaios"

quinta-feira, outubro 14, 2004


Autor:Xavier Aluja
Titulo:"Racó del riu Gaià"
Medidas:73x60
Tècnicas: Oleo sobre tela

Filosofar

"Nenhum jovem deve demorar a filosofar, e nenhum velho deve parar de filosofar, pois nunca é cedo demais nem tarde demais..."

Epicuro

As Coisas Efémeras são as Mais Necessárias

"Das coisas tangíveis, as menos duráveis são as necessárias ao próprio processo da vida. O seu consumo mal sobrevive ao acto da sua produção; no dizer de Locke, todas essas «boas coisas» que são «realmente úteis à vida do homem», à «necessidade de subsistir», são «geralmente de curta duração, de tal modo que - se não forem consumidas pelo uso - se deteriorarão e perecerão por si mesmas».
Após breve permanência neste mundo, retomam ao processo natural que as produziu, seja através de absorção no processo vital do animal humano, seja através da decomposição; e, sob a forma que lhes dá o homem, através da qual adquirem um lugar efémero no mundo das coisas feitas pelas mãos do homem, desaparecem mais rapidamente que qualquer outra parcela do mundo."

Hannah Arendt, in 'A Condição Humana'

quarta-feira, outubro 13, 2004

Erro

"Como saber que se falhou, se não sabendo como não falhar? Mas então porque se falha? E se saber que se falha é realmente ignorar como se não falharia? Sabemos de outros que não falharam, porque sabemos então neles o que é não falhar"

In "Escrever"
Virgilio Ferreira

segunda-feira, outubro 11, 2004

Tecnologia

Seja qual for o país, capitalista ou socialista, o homem foi em todo o lado arrasado pela tecnologia, alienado do seu próprio trabalho, feito prisioneiro, forçado a um estado de estupidez

Beauvoir , Simone de

Arte


De: Ana Maria Perez

sábado, outubro 09, 2004

Marcelo Rebelo Sousa

Por vezes vem-se para a praça pública fazer análises em cima dos acontecimentos, muitas vezes de forma precipitada, o que leva a que por vezes se façam análises erradas e pouco de acordo com a realidade.
Por isso, achei por bem deixar passar algum tempo, no entanto do meu ponto de vista, Marcelo Rebelo Sousa ontem proferiu uma pequena frase que diz tudo do meu ponto de vista:

"O silêncio também é uma forma de falar"

Depois disto cada um poderá entender como quiser, mas que houve pressões houve, resta saber de quem foram, e com que objectivos.

sexta-feira, outubro 08, 2004

Espectáculos nocturnos


As Realidades da Alma

"É certo que o homem fala a si mesmo; não há um único ser racional que o não tenha experimentado. Pode-se até dizer que o mistério do Verbo nunca é mais magnífico do que quando, no interior do homem, vai do pensamento à consciência, e volta da consciência ao pensamento. (...) Diz, fala, exclama cada um consigo mesmo, sem que seja quebrado o silêncio exterior. Há um grande tumulto; tudo fala em nós, excepto a boca. As realidades da alma, por não serem visíveis e palpáveis, nem por isso deixam de ser também realidades."

Victor Hugo, in 'Os Miseráveis'


Aqui está, do meu ponto de vista, a solução para o problema da verdade. Parece-me claro que devemos antes falar em realidades e não nesse pecado que é a palavra verdade, e como diz o supra citado "As realidades da alma, por não serem visíveis e palpáveis, nem por isso deixam de ser também realidades"

quarta-feira, outubro 06, 2004

Paisagens...(Contrastes)


Fotografia realizada pelo fotografo Ian Grant, no Parque Nacional de Zion, em Utah


Fotografia realizada pelo fotografo Ian Grant, no Parque Nacional de Zion, em Utah


Fotografia realizada pelo fotografo Ian Grant, no Parque Nacional de Zion, em Utah